
Max da Fonseca. Eu o classificaria como um garoto que muitos dos mais velhos gostariam de ter sido quando eram garotos. Ele evolui e modifica a sua forma de escrever numa velocidade estonteante, como é típico na adolescência a inconformidade constante. Ele é severo consigo mesmo no que concerne aos seus versos e sabe o quão bom é. Como já disse, "todo artista tem um pouco de prepotência dentro de si".
Seus versos possuem um forte impacto, sendo este o principal ponto da poesia de Max, já que ele não possui uma linha de pensamento definida: pode escrever sobre qualquer coisa em qualquer época, sua criatividade é invejável e sua inspiração vem da essência do mundo como ele o vê. Cada poema seu merece ser lido várias vezes, só para que se sinta a sensação causada pelos versos, para que possamos sentir raiva, amor, inveja e sentimentos tantos que são comunal a muitas vidas e que o poeta Max consegue transmitir com primazia.
Esse é um dos seus sonetos, forma de escreve em que um dos seus poetas favoritos, Augusto dos Anjos, adotava com constância. Ele disse que só voltará a escrever poesia neste formato quando dominar totalmente a métrica; então saboreiem uma jóia deste jovem e bom poeta.
Salvo
Nasci nu e vestido já estou em lucro.
Reviro os cacos de sonhos passados,
Perdidos, de um derrotado, sozinho,
Um flagelado caído em profanos trunfos.
Joelhos calejados, o milho evoluiu a cuscuz.
Ombros cansados, doídos. Merecido
-Ou não-, bem sabe Deus de minha oração,
Já conheço o peso de minha cruz.
Eu soberano, mestre do desejo,
Também já fui traído com o santo beijo.
Tesão, nunca fora amor.
Eu que já caí no abismo mais profundo,
Dei a tapa na face de um Cristo imundo,
Não houve outra face; revidou!
Nasci nu e vestido já estou em lucro.
Reviro os cacos de sonhos passados,
Perdidos, de um derrotado, sozinho,
Um flagelado caído em profanos trunfos.
Joelhos calejados, o milho evoluiu a cuscuz.
Ombros cansados, doídos. Merecido
-Ou não-, bem sabe Deus de minha oração,
Já conheço o peso de minha cruz.
Eu soberano, mestre do desejo,
Também já fui traído com o santo beijo.
Tesão, nunca fora amor.
Eu que já caí no abismo mais profundo,
Dei a tapa na face de um Cristo imundo,
Não houve outra face; revidou!
(Max da Fonseca)