12 de agosto de 2008

Tonho França


Uma das principais características de Tonho França é a capacidade de fazer o leitor se perder em sua harmonia. É difícil encontrar os pontos de suas rimas e freqüentemente nos pegamos perguntando: "Onde está a musicalidade deste verso?". O trabalho e a atenção oferecidas em sua poesia misturam-se com os temas bem desenvolvidos e a capacidade de nos deixar a vontade no decorrer dos seus poemas. O que mais se poderia dizer sobre este poeta?

Tonho França é sem dúvida um artista dos versos e uma das mais honrosas presenças na primeira edição de Na Borda da Xícara. Já foi feita uma extenção sobre este poeta no blog. Agora apresentamos um dos seus mais aclamados poemas: degustem com carinho.


Blues a tarde (com flauta doce...)

Pausa à tarde ecoa flauta doce
Pelos canteiros da avenida
Brilha um alecrim-de-angola distraído
O charuto cubano mantém-me sóbrio
Apesar do cheiro de anis,
(não aspiro à pressa dos prédios e dos homens)
Os elevadores presos no subsolo
Deixa-me com sensação de liberdade e improviso
(lembra-me blues, solos de blues)
Ainda tenho uma ampulheta,
Uma estatueta de louça
Fotos onde amarelam sorrisos brancos de tantos amigos
(todos ali estáticos como se não houvessem partido)
Um sax americano dos anos sessenta
E alguns selos antigos
(o camelô da esquina vendia-me até sonhos...)
mas o charuto cubano é legítimo
essa lágrima que verte sozinha, é legitima
o verso que hoje não escrevi
fez-se por si e é legítimo
e essa pausa na tarde que ecoa flauta doce,
faz o sol pôr-se em mim, sol em mim
solos de blues,
solos de blues,
solos de mim...

(Tonho França)

6 comentários:

Anônimo disse...
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R.Guimaraens disse...

é assim que eu gosto...
um blog atualizado...

Eloah Borda disse...

Fabrício, Max, Darlan e Rafael - ainda não tive a oportunidade de ler a Revista (moro longe, no sul), que ainda não me chegou às mãos. Mas, de antemão, os parabenizo pela excelente idéia e realização da mesma.

Poeta Luís Antônio Cajazeira Ramos – esses três belos sonetos aqui postados (sou fã incondicional de sonetos), deixam em mim o desejo de conhecer melhor todo seu trabalho, o que farei, com certeza.

Poeta Tonho França – há mais de três anos venho acompanhando seu trabalho. Tonho, para mim, não é somente um poeta, ele é a poesia personificada, é leveza, é sensibilidade pura. Tudo que escreve cai direto na alma, com suavidade, aconchego, calor humano. É assim que vejo, que sinto Tonho França e sua poesia.

Parabéns a todos.
Eloah

thiê disse...

absolutamente emocionante.

Anônimo disse...

UM poeta personalíssimo.
Acabado de ler, o poema deixa na alma uma leveza, uma sensação de que algo bom acabou de acontecer, um certo sabor de nectar remanescendo na língua. Docemente encantador.

hadrianus disse...

Max parabéns pelo blog pela revista, enfim, pea iniciativa.É louvável que você tenha a atitude de oferecer a oportunidade de quebrar paradigmas na nossa perceção de ver o mundo. A poesia nos assalta e nos convida a perceber o mundo de um forma livre e lúcida.
Parabéns e muito sucesso.
Manifesto o desejo de ajudá-lo> Basta dá um sinal.
Sucesso meu caro.

Hadrianus